No Hospital
Entro no quarto
O silêncio emoldura o quadro.
O que faço?
O que pensa aquele que está do outro lado?
Procuro sorrir
Faço comentários triviais
O outro, emudecido não sorri
Não esboça um gesto
Não executa nenhum ato
Imóvel, observa um vazio ignorado
Como adulto
Sem graça, procuro um contato
Ofereço um brinquedo
Nenhuma reação que me norteie a ação
Então me calo
Sento-me ao lado
Seguro as pequeninas mãos abandonadas à infusão
Aliso os cabelos macios
Olhos desconfiados observam minhas mãos
Uma lágrima fugitiva
Um leve tremor dos lábios
Percorre a face da criança
Fico ali
Compartilhando o silêncio fervilhante de palavras
Despeço-me, mas prometo voltar
De tanto ir e vir, sinto que algo se estabelece
Quando venho e vou, construo pontes, caminhos....
Que num momento inusitado
Transformam-se em um som, em uma voz
Que alegre e calma me convida para brincar.....
Ana Izabel JS
Enviado por Ana Izabel JS em 06/02/2014
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