Sobre Sentimentos
Olá Querido Amigo,
Como tem passado? Sinceramente, fico me perguntando porque algumas pessoas tem dificuldade em expressar o que sentem, o que pensam diante de si mesmos, da vida e dos outros. Gostaria de compartilhar com você essa estranheza. O que efetivamente nos separa daquilo que pensamos, sentimos e expressamos? Com certeza, você me falará das inibições, dos complexos e complicados mecanismos da mente, dos recalques e sei lá mais o que...Entretanto, querido amigo, aquele que tem tamanha dificuldade em manifestar o que pensa, o que sente...inevitavelmente deve sofrer mais... Como? Já te direi...
Nada entendo das ciências físicas e matemáticas, mas fico imaginando que uma energia muito concentrada em si mesma, contida em algo que é menor do que a sua capacidade de expansão deve ser algo muito doloroso..e pior...danoso, porque mais cedo ou mais tarde a força dessa energia pode romper o involucro e explodir...E quando esta explosão acontece, nem sempre seus efeitos podem ser direcionados ao que se deseja. Imagino, de forma alegórica o quanto de sofrimento está presente neste processo. E o quanto de dor um sentimento sufocado pode provocar em quem o sente, e que quando ele de repente, resolve manifestar-se, habitualmente terá uma expressão confusa, desordenada, carregado de emoções descontroladas, intensas... Não julgo o mérito e a magia envolvida nisso, mas com certeza, para quem o recebe deve ser um tanto quanto, assustador.
Por outro lado, o que mais me preocupa é a solidão interior da pessoa que reteve seus sentimentos. Quantas angústias, quantos ensaios para se expressar, quantas noites sem dormir imaginando cenas, compondo imagens...E pior do que isso, é perceber que a pessoa a quem se destinava tais manifestações vai ficando distante, distante...quase inalcançável. Algumas vezes, não expressamos nossos sentimentos e pensamentos por medo de ser rejeitado, ridicularizado no que temos a dizer...em outras vezes acreditamos que temos todo o tempo do mundo e que a pessoa sempre estará ali nos esperando amadurecer, crescer, tomar coragem... E daí nos enganamos duplamente. Aprendi, que a vida e o tempo mudam a cada instante. O que hoje está aqui, no segundo seguinte já tomou outro rumo... e que o tempo, que achamos inesgotável, é outro terreno com extrema mobilidade e se esgota em si mesmo. E mais do que isso, há o nosso tempo e o tempo do outro...Duas situações distintas, imponderáveis e que independe do tempo cronológico...e que nem sempre se combinam ou estão sintonizados... Porque às vezes o que queremos ouvir do outro vem tarde...muito tarde no tempo dos nossos próprios sentimentos e aspirações...
Você poderá estar se questionando os motivos para tamanha divagação. E a resposta é a seguinte: pensava na vida, nos encontros e desencontros...muito mais nos desencontros do que nos encontros...E em como a vida parece nos levar para situações "fora do ponto", no sentido de que quando queremos que algo aconteça em um determinado momento de nossa vida, não acontece. Passam-se os anos e eis que de repente, o que você desejava, acontece....Só que o tempo passou e você já não é mais a mesma pessoa, seus desejos mudaram e o que te acontece parece quase uma ironia diante de sua nova realidade. E o terreno amoroso é o que mais nos traz situações inusitadas e descompassadas como essa. E tudo por que? Porque um dos dois temia tanto expressar os seus sentimentos e o seu querer, que o outro, se julgando preterido e não amado...resolveu partir e seguir. Portanto, meu amigo, advogo a ideia de que devemos aproveitar o hoje com a intensidade que ele traz...e devemos procurar vencer nossos medos, nossas fantasias de sermos rejeitados ou ridicularizados e devemos dizer o que pensamos, o que sentimos...E você poderá dizer: mas aí ficaremos vulneráveis demais, passionais demais...fracos. Digo a você que a maior fraqueza, para mim, se resume em não assumirmos interiormente a nós mesmos...a maior fraqueza é permitirmos que o outro saia da nossa vida sem lhes dizermos o quanto são importantes, o quanto o amamos...A maior fraqueza é deixarmos o outro, a quem supostamente amamos, sair com a sensação de não ser amado, de não ser desejado...A maior bobagem é perdermos a oportunidade de nos expressarmos no aqui e no agora, porque o amanhã pode não existir e o outro pode não mais estar aqui...Oportunidades perdidas não retornam jamais...Mesmo que a vida lhe dê a oportunidade de um novo encontro, o que você disser, encontrará a outra pessoa em um outro momento...e o resultado que você desejava anteriormente...pode não mais acontecer...
Certa vez, ouvi a história de um casal, que supostamente se amavam. A namorada poco expressava em palavras e ações o quanto o namorado era importante para si...até que o namorado, inesperadamente sofreu um acidente e morreu. E no velório, ela pediu que colocassem uma música que expressava, finalmente, o muito do amor que ela tinha por ele... Sei, é um exemplo extremo este...mas que exemplifica o quanto é possível perder as oportunidades e ao tê-las, talvez o outro esteja fisicamente morto ou, o sentimento, em si mesmo já tenha morrido no outro...São as possibilidades do viver!!!
Então meu amigo, se você efetivamente gosta de alguém ou tem algo a dizer, aproveite a oportunidade do hoje...mesmo que o outro sorria, mesmo que o outro não ligue...Não tema parecer fraco e emocional demais...porque fraco, é aquele que de forma insensível não experimenta o doce sabor de saber que ama e que é amado...E se você disser o que sente e não surtir efeito, não for correspondido? Isso faz parte, significa que você está livre para fazer outras escolhas, traçar outros caminhos sem ficar preso na fantasia, na imaginação. Se isso acontecer, siga seu caminho e avance...Haverá na estrada outras pessoas para encontrar, outros sentimentos por viver e com certeza, a sintonia e o afeto serão seus companheiros e um dia encontrarão eco em outro coração disposto a amar!
É isso...Obrigada pela companhia e ainda continuo com muitas saudades de você....Com o inesgotável amor que me une a ti, tenha uma boa semana!!!!
Ana Izabel JS
Enviado por Ana Izabel JS em 06/02/2014