Hoje
Querido Amigo,
gostaria de dizer-lhe tanta coisa. Falar sobre mim, sobre a minha vida, sobre os meus sonhos e os meus desejos de Natal. Mas acho que o adiantado da hora não me permitirá tanto devaneio. Hoje as estrelas não se fizeram presentes, pois choveu quase que o dia inteiro. Por vezes era uma chuva miúda e por outras, as nuvens resolviam derramar uma torrente imensa de água sobre a terra. Então, não foi possível fazer muita coisa fora de casa. Meus passos ficaram de um lado do outro da casa, limpando, arrumando, sonhando um Natal tranquilo, pensando em desejos antigos revisitado pelo tempo que passou. E achei algo em meio a bagunça: escritos antigos, fragmentos de diários passados onde todas as cartas dirigidas a você terminavam com uma declaração de amor. E fiquei pensando, o quanto você, em sua invisibilidade tem sido meu mestre e companheiro nestas minhas andanças por esta existência. Sempre tranquilo, acolhedor a ouvir-me no desfiar das aventuras e desventuras de ser o que sou. E nem sempre tem sido fácil viver esta vida sem você. Ter vindo sozinha para esta Terra foi o grande desafio imposto à minha alma, mas acho que de desafios a vida é feita. Por isso, quando a saudade bate me armo de coragem para enfrentá-la e arrumar coragem para seguir, sabendo que de alguma forma você escuta o que digo e pacientemente me observa de algum lugar ignorado.
Por isso durmo tranquila, certa de que a solidão é uma quimera e que de alguma forma estamos próximos de quem amamos e de quem nos ama.
Ana Izabel JS
Enviado por Ana Izabel JS em 21/12/2013
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