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ENTRE A POESIA E A MATEMÁTICA
     Os engenheiros, matemáticos, físicos e todos esses profissionais que abraçam a lógica dos números, vivem imersos em poesia e não se apercebem disso. Para tanto, é só mergulharmos nas definições que vez ou outra formulam e verbalizam. Vi, há muito tempo atrás, uma definição que jamais esqueci. Que não me perguntem se era de Euclides, Arquimedes ou Einstein... Escrito em um quadro negro, havia a seguinte definição: “Paralelas – são duas retas que se cruzam no infinito”... A noção de infinito, para eles, parece ser apenas uma questão filosófica. A poesia dessa definição matemática ou não, me fez pensar sobre a possibilidade de seguirmos lado a lado, quase invisíveis a vidas e seres que só se encontrarão no infinito. Uma noção de infinito que parece jamais chegar porque as retas, envolvidas na noção de paralelas, continuam retas, eternidade afora. Fico pensando: “haverá por certo, o encontro?” O que acontecerá nesse momento de inesperado acontecimento? É tão vaga e abstrata a noção do encontro que nos perdemos em divagações filosóficas, transcendentais, porque, para os românticos, isto é longe demais. O encontro pode se dar tarde demais!
Imaginar-se que somos linhas que seguem destinos paralelos a outros destinos! Pessoas que não se conhecem tem a enorme probabilidade de nunca virem a se conhecer. O mundo é muito grande. Há milhões de pessoas e a vida é muito curta. Impossível! Talvez possamos circunscrever estas existências ao país, ao estado, a cidade, ao bairro e aos limites das ruas, nem sempre retas, do lugar onde habitualmente circulamos. Nem assim conheceremos ou seremos conhecidos. Continuaremos sendo linhas paralelas que se cruzam no infinito. Talvez, no inverso da medalha, nossos encontros com amigos, com amores, com amantes já signifiquem o encontro de duas linhas que se cruzaram, em um momento definido, no infinito de cada vida. Assim, talvez seja possível.
Aí o impossível vai ser esquecer. Se o encontro foi mágico, diferente, desafiante, estas linhas, mesmo separadas novamente, continuarão levando consigo os acréscimos do encontro. O difícil no encontro de duas linhas, que por instantes, na eternidade se confundiram num intervalo de tempo, é mesmo esquecer. Imaginar, que no meio de milhões de seres humanos fomos conhecer “aquela pessoa”? Por que, no meio de dez, vinte, cem seres viventes, aquele esbarrou e estava no mesmo lugar, mesmo fazendo coisas diferentes? Poderia não ter havido o encontro. No entanto, ele ocorreu! Daí fica a impressão do que os românticos denominam: destino. Identificando neste ato uma “conspiração” que põe duas ou mais pessoas juntas e interpõe a encruzilhada de linhas na existência, num momento infinito.
Há algo de poético nas entrelinhas da história da humanidade que abriga em si, até mesmo, o encontro das moléculas e que determinam novos componentes e que depois se separam. Não seriam as linhas cumprindo a determinação de um encontro marcado para o qual inconscientemente caminharam, nos transformando e instigando-nos para a curiosidade do vir a ser?
Pensar, nestas ruas e avenidas, preparadas por uma determinação física, quase mística, nos leva a outros parâmetros de pensamento. Não só as pessoas são linhas paralelas. Todos, homens, animais, moléculas, átomos que vibram em um diapasão inusitado, alongando-se, aprendendo e ensinando a lição da paciência necessária para valorizarmos o momento de indefinido espanto que esse encontro presente, passado ou futuro termina por desencadear nas almas...
Ana Izabel JS
Enviado por Ana Izabel JS em 07/12/2013
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